sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Apenas um passarinho

Hoje queria me sentir um passarinho.
Voar... Voar... Alçar novos ares...
Encontrar a liberdade e nela voar...

E me sentindo um passarinho
poder livremente cantar...Cantar...
Bater as asas e alçar novos horizontes.

Um passarinho livre.
Um passarinho fora da gaiola.
Sentindo na pele o frescor do vento.

Um passarinho liberto.
Cantando molhado pela água da chuva
que escorregue e lava seu corpo.

Hoje queria ser um passarinho.
Livre de qualquer armadilha.
Para na imensidão do céu
voar e cantar...Voar e cantar

Maria Eugenia
29/02/2008

Colar de Pérolas


Lembro-me tão claramente das histórias do seu colar de pérolas.
Não como coisa difusa ou uma ilusão de sensações vagas escondidas na mente,
no inconsciente da infância de uma criança.
Lembro-me perfeitamente das conversas dos considerados adultos, ao redor da mesa nestas datas natalinas...
Cinco voltas de pérolas, distribuídas por tamanho... Cada volta um tamanho...
Lembro-me bem do tio joalheiro, Francisco, morador da capital, tão importante, que como padrinho de seu casamento fez com suas próprias mãos este seu colar de pérolas... Colar tão contado, cantado em prosa e verso nas nossas noites de cidade de interior, tão cobiçado nos meus sonhos de menina.
Cinco fios de pérolas... E jamais me esqueço de você dizendo: serão para meus filhos. Que coincidência ou ironia da vida... Você teve cinco filhos. Todos conhecedores do segredo, da magia do colar de pérolas.
Cinco voltas... Cinco filhos... Cada volta de um tamanho.
Sua bodas comemoradas... Cinqüenta anos de casamento e novamente a história do colar de pérolas... Agora não mais no seu pescoço... Mas como presente precioso, cada volta transformada em um colar no pescoço das 4 filhas e da única nora.
Como explicar a emoção? Emoção se explica ou apenas experimenta, vive???
Só quem viveu anos debaixo da magia daquele colar poderia imaginar o ritual precioso da entrega do colar multiplicado agora em cinco voltas.
Hoje, dez anos depois, tomo esta volta de colar em minhas mãos. Minha parte na herança de sua vida. As contas maiores, pois como primogênita assim me coube.
Já o coloquei tantas vezes, em tantas ocasiões especiais... Nas agora o entrego a alguém... Nunca pensei que sentiria tanta dor... Precisei dizer ao papel o que no meu coração está!

Maria Eugenia
14/12/2007

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Acalanto

Quisera eu adormecer aninhada em seus braços
e embalada pela sua voz sonhar.
Um doce sonho de castelos encantados.
Um mundo que só sua voz podia me permitir entrar.

Já faz tanto tempo que não durmo
embalada pelo seu canto...
Já faz tanto tempo
que não ouço sua voz...

Quisera eu sonhar com uma menina
vestido rodado, de babado de renda
declamando poesias.
com um laço prendendo os cabelos
que revoltos teimavam com o vento brincar.

Já faz tanto tempo que não ouço seu canto.
Que não ouço um acalanto.
Já faz tanto tempo
que não durmo serena, mergulhada na sua paz...

Quisera eu sonhar com uma bailarina
que valsando nas pontas dos pés
qual figura mágica de um conto de fadas
rodopiando distribuía ilusões coloridas.

Já faz tanto tempo que não ouço seu acalanto.
Que já não sei se existem castelos encantados...
Meninas vestidas de renda brincando com o vento...
bailarinas dançando na ponta dos pés
distribuindo ilusões coloridas...

Quisera eu dormir e sonhar...
Já faz tanto tempo...

Maria Eugenia
07/01/2008

Lapso

Lá parecia tão distante
Não obstante
ser tão próximo daqui.

Lá onde jazia a lembrança
hoje tão vaga...
difusa...
confusa..

Quem mudou?
Eu ou você?

Lá já não é tão distante.
As lembranças misturadas
agitadas
conturbadas
dizem que o tempo é aqui...
Mas o tempo passou.

Quem mudou?
Eu ou você?

Lá ficaram as impressões
as sensações
que trazem à memória
a certeza já tão incerta
se lá não é tão longe daqui...

Lá e aqui
apenas lapsos do tempo que passou...

Quem mudou?
Eu ou você?
Porque perguntar?
Se o tempo já passou...

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008