domingo, 16 de agosto de 2009

Perdida



Na tua vida a minha vida
se misturou e se fundiu
qual pintura em que não se distingue
a água ou o óleo
o pincel ou os dedos
o criador ou a criatura.

Mistura química
totalmente amalgamada,
juntada numa total mescla
que, se repartida, cada parte
perde uma parte do todo.

Como separar a tua vida da minha vida?
Se já não sei se estou viva
ou se vivi pela tua vida...
Respirar não significa nada
Sentir não significa que estou viva...

Perdi-me nos teus sonhos,
fundi-me em tua pele,
misturei-me ao teu cheiro.
Vivi os meus anos nos teus anos
que já não sei se tenho vida,
se vivi pela tua vida
ou morri e não senti.

Perdi-me...
constatei tardiamente
que não vivi.
Sobrevivi tão somente.

Maria Eugenia
15/8/09
*direitos reservados à autora*

sábado, 8 de agosto de 2009

Adormecida









Saudade do teu cheiro.
Cheiro bom,
cheiro brejeiro,
cheiro de flor do campo
misturado com alfazema.

Saudade do teu colo.
Colo bom...
Minha cabeça reclinada.
Adormecida,
embalada pelo teu cheiro.

Saudade da tua presença,
lembrança benfazeja,
impregnada na memória.
Flor do campo...
Alfazema...
Cheiro brejeiro.
cheiro de flor do campo...
Colo bom!
Lembrança gravada na memória...
Campo...
Odor...
Flor...
Carícia...
Embalada...
Adormecida...
Saudade do teu colo, mãe!

Maria Eugenia
04/01/2008
*direitos reservados à autora*

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Partes

Na sutileza das emoções
o coração foi partido.

Parte ficou na nudez da solidão
secando como folha ao vento.
Outra parte ousou desnudar-se,
aventurar-se,
abrir-se
como flor ao sol.

Parte na total solidão
definhou...
Outra parte intentou correr
em busca de outro afeto.
Parte preferiu a morte.
Outra parte preferiu a vida.

Parte proferiu disparates
amargou a alma
preferiu absinto.
Outra parte sonhou amores
viveu em ardores
preferiu vinho tinto.

Maria Eugenia
08/12/2007
*direitos reservados à autora*