Lembro-me tão claramente das histórias do seu colar de pérolas.
Não como coisa difusa ou uma ilusão de sensações vagas escondidas na mente,
no inconsciente da infância de uma criança.
Lembro-me perfeitamente das conversas dos considerados adultos, ao redor da mesa nestas datas natalinas...
Cinco voltas de pérolas, distribuídas por tamanho... Cada volta um tamanho...
Lembro-me bem do tio joalheiro, Francisco, morador da capital, tão importante, que como padrinho de seu casamento fez com suas próprias mãos este seu colar de pérolas... Colar tão contado, cantado em prosa e verso nas nossas noites de cidade de interior, tão cobiçado nos meus sonhos de menina.
Cinco fios de pérolas... E jamais me esqueço de você dizendo: serão para meus filhos. Que coincidência ou ironia da vida... Você teve cinco filhos. Todos conhecedores do segredo, da magia do colar de pérolas.
Cinco voltas... Cinco filhos... Cada volta de um tamanho.
Sua bodas comemoradas... Cinqüenta anos de casamento e novamente a história do colar de pérolas... Agora não mais no seu pescoço... Mas como presente precioso, cada volta transformada em um colar no pescoço das 4 filhas e da única nora.
Como explicar a emoção? Emoção se explica ou apenas experimenta, vive???
Só quem viveu anos debaixo da magia daquele colar poderia imaginar o ritual precioso da entrega do colar multiplicado agora em cinco voltas.
Hoje, dez anos depois, tomo esta volta de colar em minhas mãos. Minha parte na herança de sua vida. As contas maiores, pois como primogênita assim me coube.
Já o coloquei tantas vezes, em tantas ocasiões especiais... Nas agora o entrego a alguém... Nunca pensei que sentiria tanta dor... Precisei dizer ao papel o que no meu coração está!
Maria Eugenia
14/12/2007
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