Esta crônica não é uma crônica de conotação política. É apenas o relato de uma lembrança. Acordei e como de hábito vejo as notícias do dia. Li a manchete: morre o senador Jefferson Péres. Fiquei penalizada pela pessoa do senador, sua luta na CPI e outras lembranças mais. Nenhuma conotação política pessoal.
Porém, o que me fez escrever foi porque, no mês de fevereiro de 2008, nas minhas aulas de Metodologia do Trabalho Científico, decidi usar um ensaio de Roberto Pompeu de Toledo, escrito na Revista Veja, em 27 de junho de 2007 com o título: Dois Homens Bons. O trabalho em sala de aula seria de 2 semanas e nos estendemos por quase um mês, tal o impacto de reflexão que o ensaio produziu nos alunos.Eu me surpreendi com as questões levantadas, visto que política é tema de menosprezo em nossos dias.
No ensaio, o autor considerou Pedro Simon e Jefferson Péres como políticos ao lado da decência e como políticos diferentes. Citou ainda que Péres declarou que estava em marcha batida para a desilusão e que em meio à crise do mensalão não via saída de melhora para a política brasileira e por isso encerraria sua carreira em 2010 ao final de seu 2º mandato.Como educadora fiquei radiante com o grupo, pois saímos do estudo apenas da estrutura do texto, para uma discussão mais aberta do momento nacional. Os alunos, por conta própria, pesquisaram sobre a instituição Senado desde a Roma antiga, montaram uma apresentação em power point, onde representaram os momentos mais cruciais vividos pelo nosso país e entrevistaram muitas pessoas para a redação do trabalho final que cada um tinha que entregar.
No ensaio usado como texto base, Roberto Pompeu de Toledo concluiu dizendo que Simon e Pérez representavam o que restou de intacto e que seu ensaio era uma homenagem a dois homens bons.Jefferson Péres encerrou sua carreira antes do prazo estipulado por ele, mas eu escrevo hoje para retratar a lembrança do que o ensaio provocou em um grupo de alunos e sua professora, transformando a aula de Metodologia em uma discussão pedagógica plena, provocando aprendizado no sentido mais amplo, que foi muito além do estudo estrutural proposto como objetivo das aulas.
Fiquei alguns momentos refletindo no ato de aprender com as próprias experiências e como um texto pode nos levar além, muito além do que o autor supõe ou propõe. Já escrevi e reforço: letras benditas, que nos livram da escravidão. Temos esperança, enquanto pudermos escrever livremente.
Também deixo minha homenagem ao senador.
Maria Eugenia
23/05/2008
Nenhum comentário:
Postar um comentário