Caminhando pela rua, olhos postos no chão, deparei-me com um gramado e nele algumas margaridas. De súbito, parei... Fiquei contemplando a beleza das pétalas brancas enfeitadas com o dourado do miolo central e o verde de suas folhas. Pensei: é primavera!Como não havia me dado conta de que o sol brilhava mais forte? E como também não me apercebi das flores renascendo nos jardins?E o canto dos pássaros logo pela manhã?Ah! Estava olhando tanto para dentro de mim... Olhando para minhas mazelas... Chorando as minhas dores... Expectadora da vida, não participante da alegria de viver.Só então percebi que meu inverno se arrastava no meu mundo interior, onde o céu ainda estava nublado e o frio enrijecia minh'alma. E eu possivelmente sem nenhuma força para sair deste estado, ou talvez, sem fazer nenhum esforço para romper este ciclo com pena de mim mesma...Mas estas margaridas, vivas, diante dos meus olhos... Como pude olhar sem enxergar? Viver sem vida? Não perceber a morbidez, a depressão, o medo, o cansaço mascarando a vontade, o desejo de libertação?Contemplando-as, ergui os olhos e me deixei inundar pelos raios do sol, que foram vencendo a frieza, fazendo o sangue pulsar intensamente em todo o meu corpo. E com a vida pulsando, ouvi o canto de um pássaro que parecia dizer-me: viva!viva!viva!De súbito, arranquei as vestes de inverno e me desnudei do desânimo, deixando que os primeiros raios de sol desta manhã me trouxessem vida e me fizessem ressurgir como mais uma margarida no jardim da primavera.
Maria Eugenia
17/10/2008
2 comentários:
Margaridas são as minhas favoritas...
É impressionante como, às vezes, insistimos viver no inverno ou no outuno, fechados para as outras estações.
Belíssima crônica. Muito bem ilustrada por sensações primaveris!
Bjins.
Obrigada Malu...
abraço
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