quinta-feira, 9 de outubro de 2008

COUVE OU COVE? QUE DÚVIDA!


Um "causo" verídico, embora pareça piada!Mas o fato é que ocorreu em uma cidadezinha do interior.
O João das Couve candidatou-se a vereador...Sonho acalentado por muitos anos...O slogan “das Couve” originou-se de seu trabalho...Por muito tempo batia de porta em porta, cedinho, oferecendo pés-de-couve colhidos fresquinhos às freguesas da cidade...
Lá ia o homem e todos diziam: olha o João das Couve e assim ficou...Seu sobrenome verdadeiro sabe-se lá qual era...Figura muito conhecida na cidade, diziam que era até mais conhecido que o padre.As couves lhe rendiam sustento e uma popularidade notória.
Alguns amigos viviam comentando que ele era mais popular até que o prefeito... Fato público e notório...Mas o João das Couve, na sua simplicidade, rebatia: deixa pra lá, gente...Ele gostava mesmo era de vender suas couves fresquinhas e assim ia batendo papo e levando a vida...
Mas, como o João não era diferente de nenhum ser humano desta terra, tanto foram falando, falando, que um dia tomou coragem e achou bom se candidatar... Para prefeito não... Pensou ser muita arrogância... Mas vereador, claro que ficava bom... Os amigos, "aqueles", já haviam dito que era só mandar pintar o muro do cemitério nas vésperas de finados, solicitar a poda de algumas árvores na frente da casa das senhoras que compravam couves (claro suas eleitoras fiéis)... Comparecer aos batizados, ser padrinho de algumas crianças e o importante: não esquecer de estar presente em todos os funerais, melhor dizendo, enterros dos conhecidos e até desconhecidos... Afinal, em velório ele não pagaria ingresso para entrar nem para tomar um café e apertar a mão dos eleitores...
O sonho foi crescendo e crescendo... Havia um porém, João das Couve era analfabeto, mal sabia escrever seu nome de carreirinha...Dinheiro ele conhecia no ofício de vender couve todos os dias...Somava a venda dos pés,recebia o valor, fazia troco, coisa pouca...A maior parte das freguesas marcava para pagar depois...Os amigos, “aqueles”, diziam que não importava ser analfabeto, o importante era ter um assessor ou melhor, um bom “aceçor”...Ah! Isso sim: um bom entendido de política, para escrever os discursos com aquela fala bonita, que faz o povo até chorar...Quanto mais bonito, mais votos sempre...
E as couves? Continuaria no ofício de vendedor???Levantar de madrugadinha, ir até à horta, cortar os pés, embrulhar, colocar na carriola e sair pelas ruas, ter um dedo de prosa com as freguesas...Muita trabalheira, ocuparia muito tempo do vereador...
Mas isso seria para se pensar depois. Agora era garantir os eleitores e já pensar na escolha do “aceçor”, além, é claro de uma passadinha no alfaiate para encomendar um terno, branco, bem bonito para deixar pronto para o dia da posse... Pra não fazer feio ao lado do prefeito!!!Afinal, autoridade é autoridade, ou melhor: otoridade é otoridade ou será notoriedade? O João nem ficou com essa dúvida...Era analfabeto mesmo...Deixa isso para os eleitores!!!

Maria Eugenia
09/10/2008

2 comentários:

david santos disse...

Olá, Maria Eugenia!
Esse Couve, pelo que entendi, trabalhava. Era honesto. Depois... bem, depois ficou como os outros. Talvez com uma vantagem. Não saber ler nem escrever. Contudo, teve um passado de bom homem.
Porém, os que eu conheço aqui por os meus lados, além de nunca terem trabalhado foram sempre desonestos. Mas o Couve, algum dia foi...
Quanto aos funerais e enterros, por aqui são a mesma canalha. Bem, mas sempre muito piores que o Couve que de algum modo teve decência alguma vez em na vida. Especialmente, quando vendia couve.
Parabéns

Marô disse...

Obrigada David pelo comentário...