Num finalzinho de tarde, após uma reunião do Clube, a senhora Arrogância encontrou a senhora Simplicidade e começaram um diálogo, mais propriamente parecido com um monólogo. A senhora Arrogância perguntou à senhora Simplicidade:
- Viu como todos me aplaudiram? Minhas palavras provocaram um efeito maravilhoso!
-Sim, respondeu a senhora Simplicidade.
A senhora Arrogância continuou:
-Parece que por onde passo os aplausos acompanham-me. Minha lucidez é impressionante e as pessoas cercam-me para elogios e mais elogios.
-Sim, respondeu novamente a senhora Simplicidade.
A senhora Arrogância parecia delirante com as pessoas ao seu redor. Ela continuou:
-Minhas palavras são as mais eloqüentes, o meu discurso o mais fervoroso e minhas idéias claras e precisas. Aonde vou sou aplaudida. Sou uma pessoa muito requisitada.
-Sim, constatou a senhora Simplicidade... Eu também gostaria de...
Parou a frase no meio do caminho, pois a senhora Arrogância não prestava atenção. Falava mais para si mesma.
- Você viu como todos me presentearam com flores? E os sorrisos? Mas os aplausos são o que mais me fascinam.
-Sim, retrucou novamente a senhora Simplicidade.
E sem nem se despedir, a Senhora Arrogância saiu, sem deixar de perguntar se sua aparência estava perfeita, se o cabelo estava em ordem.
-Sim, respondeu a senhora Simplicidade, ficando com a impressão de que a senhora Arrogância não ouviria mesmo.
A senhora Simplicidade começou a arrumação do local. Ao limpar as mesas, deparou-se com todas as flores que a senhora Arrogância havia deixado de levar. Apanhou um vaso e foi colocando-as para que não murchassem. Quando olhou ao lado, viu a senhora Humildade que havia organizado todo o evento, tomando sozinha uma xícara de chá. Havia trabalhado arduamente, por muitas horas, para que tudo saísse a contento, e assim a senhora Arrogância, a convidada, pudesse brindar a todos com seus conhecimentos.
Então, tomando do vaso, com as flores que a senhora Arrogância havia deixado, presenteou a senhora Humildade por todo o serviço prestado e as duas num forte abraço sentiram que mais uma tarefa havia sido completada. Nos bastidores não houve aplausos.
Maria Eugenia
21/10/2008
“Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida”(Pr, 4,23)
2 comentários:
Ahhh!simplesmente maravilhosa!Quanta lucidez permeia estes versos.
Pude vislumbrar enúmeras situações, nas quais eu protagonizei. Quantas vezes preparamos os caminhos,nos quais não caminharemos. Indicamo-los,mas não nos será permitido usá-los.Coisas da vida real. Assim interpretei. Braaaaavo!!!
Obrigada Meire...
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