Há quanto tempo não escrevo. Talvez tenha brigado com a pena ou experimentado o longo inverno da hibernação, tempo de sonolência, de prostração, ausência de palavras...Ou talvez tenha simplesmente brigado comigo mesma e de mal de mim, neguei-me a escrever. Puni-me das idéias, dos símbolos, das palavras...
Desculpas mil eu arranjei para este vazio literário: falta de tempo, correria de final de ano, escola, compromissos com as correções de provas, notas, médias, enfim, nada me convenceu...Rendi-me ao fato: nada escrevi. Consciente ou inconscientemente , puni-me das letras.
Quase dois meses, mais de 60 dias sem experimentar a sensação de produzir algo, de dar a luz à uma crônica ou uma poesia. Claro, sem pretensão de ser uma cronista famosa, profissional ou até mesmo brilhante, mas uma contadora de fatos, de histórias do cotidiano. Furtei-me a descrever as sensações, pintar em letras todos os desenhos da realidade que meus olhos enxergavam. Puni-me das emoções, escondi-me de mim mesma.
Fiquei introspectiva, temerosa de tecer idéias, juntar palavras dando a elas uma forma, um sentido decifrado, traduzido , fazendo-as vivas e com significado, mesmo que fosse só para mim. Escritora sem platéia, de um só leitor, mas mesmo assim escritora que ousa fazer um filho, dando-lhe vida, um nome e existência. Puni-me da alegria de parir. Esqueci-me do ato sublime de gerar, mesmo que dentro de mim, nunca tenha morrido a canção de ninar.
Maria Eugenia
30/12/2008